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Que venha 2017 com uma Economia de Mercado mais forte. É hora de deixar a Economia de Estado para a


Está sendo uma tarefa árdua neste final de ano, desenvolver um cenário confiável que não seja o de curto prazo. As variáveis e desvios que os noticiários nos trazem diariamente no quadro político tem desmontado os fundamentos para os cenários estruturados na semana anterior, até mesmo um dia antes. Para o biênio 2018/19, as incertezas chegam a aborrecer os mais técnicos.

O estrago de termos vivido uma história recente de profunda recessão, precedida de uma Economia de Estado, nos deixa uma herança onde a ruptura pode nos obrigar a viver momentos ainda piores que os atuais. Recessão seguida de estagnação.

Terminamos o ano com um cenário onde conseguimos identificar alguns dos chamados gatilhos que poderão ser o início da próxima retomada da economia. Difícil afirmar em quanto tempo e se será de fato no próximo ano.

A atual situação nos mostra um cenário com um círculo vicioso difícil de escapar: alta taxa de desemprego, famílias endividadas, baixa poupança, alta taxa de capacidade ociosa nas empresas e falta de confiança para investir. Para piorar, temos ainda um governo com pouca mobilidade para patrocinar um programa de investimento capaz de aquecer a economia, lembrando que os atuais programas sociais, que também ajudariam nesta função, são inexpressivos no contexto atual. Representam muito pouco no PIB nacional.

Da mesma forma o setor da agricultura, responsável por algo em torno 5% do PIB, mesmo tendo um desempenho melhor que a indústria, comercio e serviços, pouco vai poder contribuir para diminuir a atual taxa de desemprego, ou criar um círculo virtuoso que faça a economia voltar a crescer.

Os estudos para futuras concessões divulgado pelo governo, tem sido tímidos e lentos, com pouco ou nenhum resultado prático para animar empresários e investidores no curto prazo.

Nos desafios do atual governo, além das tentativas de aprovar junto ao congresso leis que possam conter os gastos públicos e a sangria da Previdência, ainda paira o pesadelo de negociar a solução para a crise orçamentária dos Estados. Com a falta de caixa para honrar compromissos de curto prazo, resta o crescente endividamento como uma das únicas alternativas, já que a queda abrupta da arrecadação e a má gestão deixou a maior parte em estado de penúria, comprometendo os serviços básicos à população.

Quanto ao quadro político, melhor nem tecer comentários mais estruturados. Todos os acontecimentos, fatos e desdobramentos, além dos vieses individualistas e corporativistas, nos impedem de traçar panoramas, onde se possa vislumbrar um futuro viável para a economia, o que nos obriga a trabalhar com cenários de curto prazo, com um viés de sobrevivência, para não considerar o pior.

O Brasil terminou 2015 como a 8º maior economia do mundo, perdeu duas posições desde 2011, para o Reino Unido e Índia, mas continua sendo estrategicamente relevante para toda empresa que tem metas de crescimento em seu market share em nível global. Em tese, toda grande empresa mundial, com aspirações a estar entre as líderes de mercado, não pode considerar estar fora do mercado brasileiro.

Um mercado de 200 milhões de consumidores, que tinha até 2014, uma classe média em ascensão, sem entrarmos no mérito que fora constituída de forma artificial, com a liberação e uso excessivo de crédito e um aumento de renda sem a contrapartida em produtividade, como rezam as teorias econômicas.

Alguns anos antes, na primeira década deste século, ainda tivemos uma boa fase das nossas commodities valorizadas no mercado internacional. Contexto patrocinado pela pujança da economia chinesa. Como resultado aqui chegaram novas marcas vindas de diversas partes do mundo, houve a diversificação de portfólio de produtos e aumento da capacidade produtiva, além da diminuição no prazo dos lançamentos de novos produtos, deixando o Brasil alinhado com as atualizações que ocorriam nos países desenvolvidos.

Pouco aproveitamos a boa fase das nossas commodities valorizadas, que não deixaram bônus para dar continuidade ou suporte ao crescimento. E o que está se vendo nestes últimos tempos é o empobrecimento da população, que já não é tão jovem, com a queda continua da renda per capita, podendo chegar ao recorde histórico de 4 anos seguidos em 2017.

Dentre os principais desafios, como contribuição efetiva do Estado, apesar de ser algo que demandará grande esforço, com senso social e até uma “pitada” de patriotismo, características que não moldam os líderes que estão desempenhando suas funções nos diversos órgãos do governo, espera-se um plano arrojado de diminuição de despesas, equalização das contas que compõe a Previdência. Em um prazo maior, a defendida e necessária reforma tributária, com a diminuição de sua complexidade, o aprimoramento e clareza das regras de concessão e privatização, com modelos viáveis e atrativos à iniciativa privada. E o Estado se atendo ao seu papel nas funções sociais, regulatórias e estratégicas para garantir a infraestrutura necessária, um crescimento sustentável a índices que tragam um aumento de renda para a população e melhor qualidade no ambiente de negócios do país, viabilizando o círculo virtuoso necessário para se ter um futuro que valorize a inovação, a produtividade, a competência e a concorrência.

Novas soluções tecnológicas sempre abrem espaço para repensarmos os modelos atuais de negócio. Por isso muita atenção nas várias iniciativas dos pequenos empreendedores e suas startups. Também temos um batalhão de executivos disponíveis, um capital intelectual pulsante e esperando fervorosamente ser aproveitado pelo mercado corporativo, algo impossível no contexto atual.

Estejamos prontos para mais um ano difícil e de volatilidade nos cenários de curto prazo. Os indicadores que poderão nos sinalizar que foi encontrado um caminho viável para retomada da economia já são conhecidos – Desemprego, endividamento, baixa poupança, capacidade ociosa e insegurança do investidor.

A melhora deles, que deverá preceder a uma mudança de tendência, indicará o gatilho para a retomada do crescimento. Fique atento ao rompimento deste círculo vicioso. Força 2017!!

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Roberto Lobos é Sócio de Finanças da innovativa - Executivos Associados

  • Participação em processos de startup, e pós fusões e aquisições

  • Gestão de reestruturação ou reorganização de processos e sistemas de tesouraria

  • Gestão de crédito, cobrança, seguro de credito e outsourcing na recuperação de valores

  • Responsável pela gestão das operações financeiras de trade, investimento, e hedge

  • Estruturação de operações para adequação do capital de giro e perfil de divida

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